O
Espírito quando reencarna, esquece totalmente o seu passado; porém, muitas
pessoas acreditam que a lembrança de vidas anteriores, no decorrer da vida
presente, seria de grande beneficio. Mas, em cada reencarnação manifestam-se as
tendências decorrentes da natureza do Espírito, a orientar seu comportamento
mais correto; as boas inclinações, indicam o progresso já realizado e as más,
as paixões a serem superadas.
Inúmeras
vezes, Espíritos que foram acerbos inimigos numa determinada vida, renascem no
seio de uma mesma família, a fim de removerem as arestas e aprenderem a se
amar; se relembrassem do passado, em muitos casos essa reconciliação se tomaria
extremamente difícil.
O
homem nem pode nem deve saber tudo; Deus assim o quer, na sua sabedoria. Sem o
véu que lhe encobre certas coisas, o homem ficaria ofuscado, como aquele que
passa sem transição da obscuridade para a luz. Pelo esquecimento do passado,
ele é mais ele mesmo (LE, 392).
Em
cada nova existência, o Espírito usufrui do conhecimento conquistado nas vidas
passadas, estando em melhores condições de distinguir o bem do mal; ao retomar
ao plano espiritual, descortina-se diante dele sua vida pregressa. Vê as faltas
que cometeu e que deram origem aos seus sofrimentos, assim como o modo como as
teria evitado; isto lhe servirá de orientação, caso tenha o mérito de escolher
por si próprio uma nova encarnação, a fim de evitar e reparar os erros cometidos.
Ele então escolhe provas semelhantes às que não soube aproveitar, ou os embates
que melhor possam contribuir pra o seu adiantamento.
Mas, se não temos, durante a vida corpórea,
uma lembrança precisa daquilo que fomos e do que fizemos de bem ou de mal em
nossas existências anteriores, temos, entretanto, a sua intuição. E as nossas
tendências instintivas são urna reminiscência do nosso passado, às quais a
nossa consciência, - que representa o desejo por nós concebido de não mais
cometer as mesmas faltas, - adverte que devemos resistir (LE, 393). Se o homem
não tem, portanto, lembranças precisas do passado têm sempre a voz da
consciência e suas tendências instintivas, que lhe permite o conhecimento de si
mesmo.
Existem
mundos mais evoluídos, onde seus habitantes guardam lembranças claras de suas
existências passadas; mas isto é resultado da condição superior por eles
conquistada, e que os leva a uma melhor compreensão e melhor aproveitamento da
liberdade que Deus lhes permite desfrutar. Nesses mundos, onde não reina senão
o bem, a lembrança do passado nada tem de penosa; é por isso que neles se recorda
com frequência a existência precedente, como nos lembramos do que fizemos na
véspera.
Quanto
à passagem que se possa ter tido por mundos inferiores, a sua lembrança nada
mais é, como dissemos, do que um sonho mau (LE, 394). Mesmo em mundos como a
Terra, e em casos muito especiais, existem pessoas que sabem o que foram e o
que faziam; contudo, abstêm-se de dizê-lo abertamente, pois, do contrário,
fariam extraordinárias revelações sobre o passado.
Assim,
cabe ao homem suportar resignadamente as provas e expiações que lhe são
pertinentes, sem a preocupação desnecessária de desvendar suas vidas passadas,
a cada nova existência a justiça divina dar-lhe-á a oportunidade de retomar o
curso do aprendizado interrompido, propiciando-lhe os recursos necessários para
os devidos reajustes. Observando seu próprio caráter, ele sentirá, cada vez mais,
a necessidade de superar suas imperfeições, pois basta que estude a si mesmo, e
poderá julgar o que foi, não pelo que é, mas pelas suas tendências (LE, 399).
Fonte: Curso Básico de Espiritismo - 1º ano - FEESP - Federação Espírita do Estado de São Paulo
Imagem e Vídeo : Internet
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QUESTÕES 392 A 398A